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segunda-feira, 31 de março de 2014

Ela.

Ela acha que todos os caras são imaturos, que nenhum deles pensa no futuro e se planeja para isso.
Ela discorda que ele pode deixar a carreira já construída, namorar uma garota mais nova e voltar a estudar.
Ela não gosta que ele deixe a vida pessoal por questões pastorais.
Ela discorda que ele deixe questões pastorais por causa da vida pessoal.
Ela acha errado ele querer jogar tudo para o alto e ir viajar para longe de tudo que o prende aqui.
Ela acha errado que a mais nova fale mais alto que todos e seja melhor ouvida.
Ela toma as dores dos mais velhos e enconde suas próprias cicatrizes.
Ela está cansada, mas não deixa a maquiagem borrar.
Ela está exausta, saturada, enfadada e não para pra pensar.
Ela cansou, sabe o que fez de errado, mas ainda não mudou.
Ela não sabe quais sonhos seguir nem se terá tempo para eles um dia.
Ela é sozinha e rodeada de gente.
Ela é igual a mim, mas muito mais diferente.
Ela não admite que aprendi com o que ela fez.
Ela não sou eu.
Eu acho que ela não saberá quem é Ela.
Ela não vê que quando todos dizem a mesma coisa, a questão está apenas em que as escuta.

terça-feira, 25 de março de 2014

Crônica de uma crônica

(Este texto foi escrito para uma atividade da faculdade. Por enquanto, não sei que nota tirei)


É incrível como tudo nos influencia, assim como somos influência. Como tudo nos deriva, como somos derivados.
Outro dia comecei a perceber isso. Qualquer ação que tomamos ou deixamos de  fazer pode mudar completamente um monte de coisas. Ou manter tudo igual. Talvez, até começar a atravessar a rua com o pé direito ou com o  esquerdo interfira no restante das coisas!
Enquanto vinha para começar a escrever este texto, mudei de tema umas cinco vezes. Considerando que o trajeto era de cerca de 30  minutos, foi uma mudança significativa. Se fosse parar para analisar quantos passos, ruas atravessadas e pessoas diferentes formaram meu caminho, seria uma mudança pouco significativa.
Agora, sobre os temas. Caos, cidade, música, livros, pessoas, metrô lotado, atraso, estresse, trabalho, trabalhos…
Um amontoado de ideias se fizeram e foram diluídas. Entre os minutos ditados e palavras gravadas, pouca coisa restou. Da grande lista de assuntos, fiquei com este. Um pouco de tudo e quase nada.
Escrever sobre o que se escreveria é interessante. No bom sentido é claro. Enrolar enquanto possível, não é.
Pensar, meditar, decorar para depois esquecer é sempre decepcionante. Por fim, escolher algo para dissertar, alivia.
No meio dos caminhos, mudanças e sequências possíveis, as ideias se reorganizam e algumas se auto eliminam.
Decida então o tema! E a decisão é acatada.


É incrível como o nosso cotidiano é interessante, influenciado e influenciador. Opinante e decisor de tudo!
Hoje, enquanto vinha para a faculdade, percebi o quanto esse conjunto de 24h que chamamos de dia é curioso. Pode ser ágil e divertido ou ocioso e chato. O meu foi uma grande mistura dos dois. Percebi também como a vida das pessoas pode ser semelhante. Para mais ou para menos, de acordo com as decisões que tomamos ao longo do tempo.
Já parou para pensar se aquela pessoa que você viu lendo o mesmo livro que você no metrô não teria mais coisas em comum?  E se o rapaz que colocou os fones de ouvido poderia escolher naquele momento a mesma música que você gosta? Imagina então, se o casal que se abraçou na rua, não se conheceu da mesma maneira que você e seu par?
É bem capaz que entre eu, você e qualquer pessoa tenha menos distância que as tais seis pessoas, segundo aquela teoria. E é capaz também que você tenha muito mais semelhanças com um desconhecido do outro lado do mundo do que com um velho amigo de infância.
Penso dessa maneira toda vez que vejo alguém. Cada gesto, ação ou peça de roupa, permite enxergar no outro um pouquinho de si, e depois, uma marca do outro em você.
Da mesma maneira que as pessoas nos afetam, as artes também. Toda percepção tem uma origem, vejo que muitos inícios surgem da percepção do outro… pimba! O homem é que nos afeta!
Esta possível teoria sobre o que as ações artísticas nos causam falhou. De fato, e por agora, exclusivamente, só outra pessoa interfere em alguém. Seja através do que pensa, de como fala ou do que faz.
Que me perdoem os estudados e especialistas. Mas a teoria é minha e assim a faço!
Novamente, a linha de escrita foi retraçada, porém, mantêve-se destinada para o mesmo lugar.






domingo, 23 de março de 2014

Uma história em trechos de músicas I

"Pensa em mim que eu tô pensando em você e me diz"
"Quem inventou o amor me explica, por favor"
"Fique atordoada de amor, faltou o ar"


"Será que foi assim, que foi o tempo que tirou você de mim?"
"Eu que não queria mentir, passei então a sorrir do seu lado"
"Amor, por que eu te chamo assim, se com certeza, você nem lembra de mim?"


"Esse lance de um tempo nunca funcionou pra nós dois"
"Até parece que você já tinha o meu manual da instruções"
"Eu devo estar completamente avoada"
"Tanta afinidade assim, eu sei que só pode ser bom"


Você. Eu. Nós.

Você me lê, decifra, entende, ignora, respira, respeita, chama a atenção, não esquece, quer mais, quer de mais.
Você vem, conversa, chega perto, toca, mais perto, beija, sente, conversa, abraça, beija, vai embora. Fica.
Você sai, me leva. Me deixa. Volta.
Você esquece, lembra, conta, diz, atravessa, esquece.
Você quer, diz não, não diz. Vem, vai, tchau, espera.

Talvez, depois, outro dia, esqueci.
Conta, ah, deixa, por que, porque, sim, não, mais tarde.
Fica, espera, eu volto, eu não.
Agora, aqui. Outro dia esqueci. Hoje lembrei. Beijo, abraço, sussurro.

Não pede. Não diz. Acontece. Chama, ignora, leva, deixa.
Conversa, não fala, faça, sorri, gargalha, interroga, exige, não dá opinião.
Conta, lembra, mas não fala.

Escuta, ouve, lembra?
Deixa? Beleza? Aqui, agora? Há anos.
Cinco ou sei anos. No passado ou no futuro.
Faz planos, estou e não estou. Faço planos, está e não está.
Sabe como e o que sou. Tenho dúvidas.

Amacia, acaricia. Espalha, espelha.
Ri, sorri, só, aqui.
Conta, canta, toca, dança, equilibra.
Barulho, som, canção.

Eles, elas, outras, outros, vocês. E nós?
Deixe-nos, deixa nós.
Marca, desmarca, fica pra depois, não tem bolo, teve bolo, te esperei, deixei.

Vem? volta? quando? vamos? fica?
Aqui não, agora não.
Quando? Por que? Porque.
Sem motivos. Cem motivos.
Desculpas, minhas e suas, esfarrapadas.

Foras, furos, feridas.
Músicas, melodias, passos, sorrisos.
Sóis, chuvas, lágrimas, beijos, cheiros, lugares, sensações, lembranças.

Esquece, não dá. Dê, doeu.
Esqueci, lembrei.
Eu fui, você deixou. Voltei, você não. Sempre ficou.
Em mim, em você. Em nós. Como nós.




quarta-feira, 12 de março de 2014

O cansaço é grande. A dor e as ideias pesam. Todo dia é massante, exaustivo e passa rápido.
Os olhos, os ombros, os joelhos e os dedos doem. As costas incomodam e cada passo é difícil.
A mente pensa mas o corpo não responde. As cores se misturam e parecem iguais.
A luz incomoda e a razão é fraca. Os sentimentos estão neutros.

O corpo é pesado. O sono é demorado. As peças não se encaixam.
O amanhecer vem antes de dormir. A tarde voa e a noite é longa.
Os sons são confusos e a razão é fraca.

A vontade é de sumir, fugir, correr para bem longe de tudo e todos.
O desejo é de voltar e ficar tudo bem, ter forças e ser melhor.

A melodia e as palavras desaparecem.
O temor do mal também.

A ânsia de lutar é a mesma de deixar.




quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Não deixe para depois do carnaval



Se o mundo fosse como nas ideias românticas, neste carnaval ela seria Colombina com uma dezena de Pierrôs e Arlequins aos seus pés.


Os dias de festa começaram e os mais intensos estão por vir. As roupas coloridas estão limpas e cheirosas. As tardes de sol para animar e chuva para refrescar vêm todos os dias.

Aproveite a música
Acabe-se na dança
Saia para a rua
Vista-se de cor
Pinte o rosto
Ponha uma máscara
Seja feliz.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Analise



Se eu fizesse análise, daria logo o diagnóstico ao doutor e diálogo seria assim:

- O senhor me desculpe, nunca acreditei muito que contar minha vida a alguém me daria respostas.
- Silêncio.
- Decidi meu problema apenas pensando no que deixei de fazer.
- Silêncio.
- Deixei de amar, doutor. Esqueci a paixão e não lembro onde.
- Silêncio.
- Me fechei para os que queriam compartilhar comigo o mais lindo sentimento. Deixe-os com medo. Medo de se aproximar e tentar, medo de ser e fazer.
- Bom, nossa sessão acabou, até a próxima.